terça-feira, 25 de maio de 2010

Aniversário



"[...] E contudo, nesse dia, ele esperava mesmo. A espera abstrata cedera lugar à outra — concreta. Ajeitara o rosto da melhor maneira possível, como se o sentimento novo (e no entanto tão antigo) fosse algo a esconder. Porque ele não queria surpreender nem chocar nem ferir. Pertencia àquela estranha espécie de pessoas que flutuam pelo mundo, sutis, evitando esbarrar em qualquer coisa. Não se sabia se procedia assim por simples delicadeza ou para defender-se. O fato é que era assim. E, portanto, desagradava-lhe aquele jeito de espera gritando alto no corpo inteiro.[...] .

Pois que ele era leve demais, esse o seu mal."

(C. F. Abreu).

Porque de suas palavras consigo extrair tudo que de belo e sinestésico posso sentir neste dia e em outros.