quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ponches & Sopapos


Havia um piano (órgão?), uma Lucy (na verdade várias), uma garotinha ruiva (oxigenada), e vários lenços que faziam muito bem o papel de um velho cobertor azul. Charlie Brown cresceu! Barry Egan reúne características tanto de um Schroeder, ao tocar seu órgão de cabeça baixa, quanto de um Linus com seus lenços de papel amarrotados e chorados. Minduim carregou suas frustrações por toda a juventude, sua Lucy se fragmentou (ou teria se multiplicado?) em várias (oito) irmãs controladoras que passaram a ocupar o cruel e psicanalítico papel de mãe (tirando, incessantemente, a bola do menino). Barry assumiu para sua existência algumas manias e outras obsessões: muitas outras caixas de pudim. O que são aquelas caixas?!
Cenários vazios, cenas insólitas, espataladas de cores que recordavam um technocolor bjorkiano, talvez a luminosidade sonora corrobore nesse delírio.
Charlie Brown chorou e pediu um psiquiatra. Aquele cachorro falante, nada mais que um barato esquizo, pode ter agido nesta direção. A desertificação dos cenários pareciam retratar perfeitamente toda a solidão em que o pobre Barry se encontrava embebido/embriagado.
Parece que a Ruiva descoloriu o cabelo e resolveu assumir o seu lugar na dolorosa existência do crescido Barry Brown. Todas aquelas estrelas, aquela malha celeste, todo aquele brilho; ele não tinha mais seu martelo, mas conseguiu quebrar vidraças e louças sanitárias, mesmo correndo com o telefone no ouvido. Quem precisa de chuva de sapos? Ora, pois...
"so here we go!".

Idem.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A carne putrefada de um Papa.

Falamos de desfiguração, deformação, escarificação tendo em vista uma possível receita que indica como exceder suas percepções e sensações ou estados afetivos. Ele sugere a "imperfeição física, inverossimilhança geométrica, anomalia orgânica", todos esses "erros sublimes" como forma de trazer a tona perceptos e afectos; todos esses "erros" como típicas linhas de fuga, instrumentos da potência fabuladora.

Cinco em ponto!

Da sacada do sobrado, de paredes sujas e descascadas.
Daquela janela, o danado olhava-a.
Com o cabo de pentelhos nas mãos chamava-a:
-- Ei colega, tá toda de verde!
Sentada na calçada, a de verde fazia borboletas com as pernas.
Talvez em inocência, talvez. Ela retribuia um sorriso.
De mochila de rodinha e varinha na mão.
Nem Sade, nem Nabokov,
aquele das costas peludas era sutil ao mirar a de verde.